quarta-feira, 26 de maio de 2010

Nº2 - Bernardo Braga (A música e a criança)


Projecto de Investigação

1. Tema geral: Sentido de vida
2. Tema específico: Área de Projecto
3. Título do trabalho: A música e a criança
4. Pergunta a que o trabalho responde: Quais os benefícios de um recém-nascido ouvir música?
5. Programa: Para elaborar este trabalho vou recorrer a estudos realizados nesta área e a experiencias de campo.

Bernardo Barbosa Sequeira Braga

Turma 4, nº2

Estoril, 5 de Dezembro 2009


Introdução

A elaboração deste trabalho decorre no âmbito da disciplina de área de projecto e tem como objectivos aprofundar conhecimentos sobre a importância da música no percurso de desenvolvimento da criança. Neste trabalho após uma breve introdução, segue-se uma primeira parte que se refere ao enquadramento teórico por estudos realizados sobre a música; de seguida vou apresentar a relação entre a música e a criança e uma entrevista. Por fim irei expor algumas reflexões finais.

A Música

Desde os tempos remotos que a música existe, ela é uma linguagem específica, porém, universal, presente em todos os tempos. Conforme dados antropológicos, as primeiras músicas foram usadas em rituais como: nascimento, casamento, morte, recuperação de doenças e fertilidade. “Pitágoras demonstrou que a sequência correcta de sons, se tocada musicalmente num instrumento pode mudar padrões de comportamento e acelerar o processo de cura”.

São muitos os exemplos curativos e preventivos da música, em vários documentos históricos de diferentes culturas. Achados arqueológicos mostraram que a música era usada pelo homem primitivo doente, como maneira de acalmar os deuses, por isso muitas civilizações ao considerarem a música uma dádiva dos deuses e uma forma de linguagem para comunicar com eles, usavam-na na com a finalidade de vencer a doença e a morte.

Nos últimos anos do século XVIII, a primeira música gravada foi usada em hospitais como forma de intervenção no que respeita a ajudar a dormir, diminuir a ansiedade e também para auxiliar na administração de anestesia local, nesta altura começa-se então a fazer investigações sobre o efeito da música no corpo humano. No final do século XIX, surgem os estudos sobre a música e a sua relação com as respostas fisiológicas e psicológicas do organismo. Torna-se de grande importância no meio científico a relação entre a música e a emoção. Para entender este tema é necessário reflectir sobre os principais elementos da música: ritmo, tom e volume, elementos que acompanham o ser humano desde a vida intra-uterina; pois a música tem de ser uma vibração ordenada senão seria apenas um ruído. (O cérebro e a música)

A Música e a criança

O contacto com o som é uma das experiencias mais precoces do ser humano, com inicio na vida intra-uterina, pois o ouvido do feto desenvolve-se às 24 semanas de gestação, e assim já comunica com a mãe antes de nascer, ao conseguir identificar a sua voz. O som propagado pelo ar através das ondas vibratórias de compressão e descompressão é recolhido e direccionado para o pavilhão auricular através do canal auditivo. Estas ondas são recepcionadas pela membrana do tímpano, e posteriormente transmitidas aos ossículos, sendo bastante ampliadas através dos mesmos, passando de seguida à janela oval, sendo a sua intensidade exacerbada e a pressão existente no líquido do ouvido interno importante. O som transforma-se de onda sonora a impulsos nervosos que percorrem os nervos auditivos até ao tálamo, região do cérebro considerada a fonte das emoções, sensações e sentimentos, que de seguida transmite-os ao córtex cerebral, ao sistema límbico e ao corpo caloso, influenciando o sistema nervoso autónomo e o sistema neuroendócrino, sendo o córtex cerebral o centro do controlo sensorial, motor e intelectual. Estes sons produzidos pela música são então processados no lóbulo temporal, que direcciona o estímulo para uma subdivisão do córtex, onde o desenvolvimento e aquisição da memória, linguagem e fala, raciocínio matemático e musical bem como o conhecimento simbólico e abstracto, têm origem.

A audição é um sentido que propicia importantes informações para o desenvolvimento humano e é simultaneamente uma mais-valia no que respeita ao envolvimento emocional do bebé. Alfred Tomatis, médico, investigador e “apaixonado” pelo ouvido, estuda há cerca de três décadas os problemas relacionados com o ouvido e a aprendizagem. Os seus estudos mostram que o feto já tem capacidade de ouvir e de exprimir muito antes do nascimento sendo através do ouvido que ele vai comunicando com o mundo. Numa experiencia na universidade de Exeter, constataram que os bebés parecem saber, desde logo, como a música deve soar, tendo mesmo algumas preferências. Quando tocaram As Quatro Estações, de Vivaldi, a reacção dos recém-nascidos foi muito positiva, mas alterou-se quando a composição foi repetida de trás para a frente. Segundo todos estes estudos é possível afirmar que a música potencializa a aprendizagem cognitiva, particularmente em áreas como raciocínio lógico, da memória, do espaço e do raciocínio abstracto, e tem também efeitos significativos no campo da maturação social e individual da criança. (La Música Y El Bebé)

Entrevista

Um encontro com pais

Entrevistador – Porque razão decidiram colocar música ao vosso filho desde muito cedo?

Pai – (…) tudo começou pelo conhecimento do Dr. A.Tomatis, pois segundo ele se podem curar muitas coisas com a música.

Pai – (…) eu tenho um irmão mais novo que era disléxico e nos anos 80, fez um tratamento com o Dr. A. Tomatis, justamente para ajudar a resolver a dislexia dele e funcionou. Foi a minha mãe que nos impulsionou a utilizar a música no tratamento do T. referindo que Tomatis defendia que a música de Mozart tem efeitos muito bons.

Mãe – (…) quem estuda música diz que é possível realmente haver um estímulo de determinados sentidos (…) Pelos vistos Mozart encaixa num determinado padrão musical (…) eles até dizem que as crianças que levam doses de Mozart têm uma lógica matemática mais desenvolvida que os outros (…) e chorava menos, a música realmente servia para o acalmar.

Mãe – (…) uma coisa é certa. E daquelas coisas… mal não faz, se puder fazer algum bem, sobretudo se for uma música calma e tranquila.

Mãe – (…) inclusivamente não sei até que ponto é que não distrai da dor. Se calhar se só houver barulhos e dor, a pessoa concentra-se na dor. Se estiver a ouvir uma música qualquer (…) uma coisa agradável para ouvir, é capaz de ajudar (…)

Mãe – (…) que ele acalmava com a música quando estava mais irrequieto isso é verdade.

Mãe – (…) ao nível do desenvolvimento, se teve influência ou não, não sei (…) deve ter tido interferência é que ele desde pequenino adorou legos, que é um processo de construção e isso é bastante indicador que há pelo menos concentração para conseguir fazer isso.

Reflexões finais

Achei mais pertinente realizar uma reflexão do que uma conclusão, porque o trabalho incidiu mais num relato do que numa descoberta de resultados.

É fácil aceitarmos que a música exerce um imenso poder sobre o ser humano, sobre as emoções, os actos e o estado de espírito que ela pode provocar, alegria ou tristeza, acalmar ou inspirar. Que a música transmite alguma coisa, uma emoção, uma memória, um sentimento, um desejo, todos afirmamos prontamente que sim. Não há provas científicas de que ouvir musica durante a gravidez possa influenciar a inteligência dos bebes. Supõe-se que se a musica tem efeitos benéficos para as crianças então provavelmente beneficiará da mesma maneira os fetos. Mas isto são apenas suposições. Que o feto pode ouvir e reage ao som e ao movimento é verdade, agora se essa reacção é de agrado ou alegria ou uma atitude de rejeição por desconforto não se pode provar. Empiricamente esta é uma verdade que todos admitem, no entanto cientificamente nada está provado a este respeito.

Por outro lado podemos afirmar sem receios que ouvir música é sem dúvida agradável, prazeroso, estimulante e influencia o estado de espírito do ser humano.

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Bibliografia de base

CARDOSO, Silvia Helena – Cérebro e Música. Brainstorming. [consult. 7 dez. 2009]. Disponível na internet: http://www.cerebromente.org.br/brainstorming/cerebro-e-musica.html

CZUBAJ , Fabiola – La Música Y El Bebé: Música Y Primeira Infância. Diário la Nacion, Buenos Aires. [consult. 8 dez. 2009] Disponível na Internet: http://presencias.net/indpdm.html?http://presencias.net/invest/ht3030.html

A música e a sua influência. [consult. 7 dez. 2009] Disponível na internet: http://liviacunha.blogspot.com/

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